São vários os tipos de vícios e dependências que conhecemos. Vão desde álcool e fumo até internet e tecnologia.
Mas quando sabemos que algo virou um vício? E por que vira? Como controlar os vícios? Esse é o tema de mais um Bate-Papo Saúde, disponível no canal da ISCMC no YouTube. O Dr. João Luiz da Fonseca Martins é psiquiatra e diretor técnico da UNIICA, e traz as respostas para essas perguntas.
Vício ou dependência?
Existe diferença entre vício e dependência? Podemos dizer que o vício é mais fácil de se controlar. Um viciado consegue perceber que o hábito está lhe fazendo mal.
Já a dependência é algo mais forte. Um dependente não consegue controlar o hábito. Está sempre sentindo necessidade de repeti-lo.
Porém, o Dr. João conta que é normal tratar vício, dependência e adição como a mesma coisa. “Um padrão de comportamento repetitivo em relação a um uso fora de controle”, diz. E completa: “Na prática, a gente acaba usando como uma modalidade só, na qual o indivíduo tem incapacidade de controlar o uso ou acesso.”
Como surge o vício?
Está aí uma questão importante: por que um hábito pode virar um vício? Segundo nosso médico, a principal causa é o fator genético. Ele explica que, normalmente, existem casos dentro da família do viciado. Pode ser de dependência química de uma substância, ou uso compulsivo de algum remédio.
Mas o doutor conta também que um caso na família não garante o vício. Como ele conta, nenhuma pesquisa determinou a existência de alguma alteração genética responsável pela condição.
E as outras causas? Há outras situações, não genéticas, que podem levar ao vício. Algumas delas: desequilíbrio emocional, necessidade de aceitação, baixa autoestima, insegurança e até influência do comércio e da mídia.
Onde começa a ser vício?
Até que ponto um hábito é normal? Quando ele vira vício e começa a preocupar? O Dr. João fala em dois dos principais sinais disso: a quantidade e o desejo intenso.
Ele comenta o caso do álcool. “Temos normalmente alguns parâmetros que levamos em consideração, pelo hábito de consumo desse indivíduo”, diz, descrevendo três fases do hábito.
A primeira é o abuso agudo. Trata-se do consumo intenso apenas em um certo momento. No caso do álcool, diz o médico, isso significa ficar bêbado ou intoxicado. Daí, a pessoa se descontrola e fica alterada. Depois, interrompe o uso, vai dormir e acorda melhor no dia seguinte.
O consumo começa a ser nocivo ao se tornar regular. A quantidade tolerada vai aumentando aos poucos. Mas isso não impacta necessariamente a vida da pessoa. Ela consegue cumprir normalmente suas obrigações diárias, como estudo e trabalho.
Por fim, quando há dependência, o indivíduo sente que não consegue ficar sem o consumo. Não acredita que pode fazer nada sem beber. A bebida passa a ser prioridade sobre tudo na vida. “Às vezes, quer começar o dia já fazendo uso, porque senão não se sente bem ao longo do dia”, conta o especialista.
Ele diz ainda que é comum que o dependente vá aumentando a tolerância. “Então, se antigamente tomava 6 latas de cerveja no dia, passa a tomar 10, depois 12, depois 20”, explica.
E o tratamento?
Segundo o Dr. João, o problema do vício ou dependência é muito complexo. Não envolve apenas a questão química, o uso de remédios ou a terapia psicológica. Há que se pensar também no ambiente social e ocupacional da pessoa.
Por isso, profissionais de várias áreas têm seu papel no tratamento. Ele inclui remédios, para regular a área do cérebro responsável pelo prazer. O psicólogo trabalhará os problemas que o vício traz à vida. Outras práticas que se pode usar são exercícios físicos, terapia ocupacional e musicoterapia.
Se conhece alguém que está viciado, não hesite em procurar ajuda. Pode contar com a UNIICA!
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Fontes de referência: Prev-One, SBIE