A anorexia nervosa voltou a ser manchete em jornais de todo o mundo após utilizar a imagem de uma renomada atriz que estaria sofrendo da doença e trouxe à tona a discussão sobre a necessidade de tratamento hospitalar para melhora.
A anorexia nervosa é uma disfunção alimentar que atinge predominantemente as mulheres (9:1) e se inicia normalmente entre 12 e 25 anos de idade. Fatores biológicos, psicológicos e sociais estão envolvidos podendo levar a óbito em 15% dos casos e é uma doença ligada principalmente à distorção da imagem corporal.
As principais características da doença e os sinais de alerta são: a perda rápida e exagerada de peso sem justificativa plausível; recusa em se alimentar dequadamente; recusa em participar das refeições junto a seus familiares; apresentar discurso demonstrando constante preocupação com a quantidade de calorias ingeridas/medo de engordar; realização de atividade física de forma exaustiva; visão distorcida do próprio corpo e sintomas psíquicos associados (depressão, ansiedade, insônia e comportamentos obsessivos-compulsivos).
Como manifestação física ocorre a interrupção do ciclo menstrual, pele seca coberta por lanugo (pelos em barba de milho), perda da resistência óssea, desnutrição, desidratação e pensamentos confusos e desorganizados prejudicando a capacidade de julgamento. A avaliação do índice de massa corporal (IMC) fica bem abaixo do desejado (16 ou menos, sendo o normal acima de 19).
A avaliação clínica e realização de exames complementares são fundamentais para descartar outros possíveis fatores causais, como a Doença de Addison, a Doença Celíaca e a Doença Inflamatória Intestinal. Distingue-se de bulimia nervosa por esta ser caracterizada por episódios de consumo alimentar compulsivo e atitudes compensatórias inadequadas (atividade física exaustiva; uso de emagrecedores e provocação de vômito) pelo menos duas vezes por semana, por três meses seguidos.
O tratamento é composto pela realização de terapia cognitivo-comportamental e pelo uso de medicações que visam a abertura do apetite, melhora dos sintomas depressivos e ansiosos e melhora da distorção da imagem corporal. É realizada, ainda, a readequação alimentar, interrupção inicial da atividade física e aumento das atividades sociais.
Familiares devem estar atentos aos sinais de alerta e procurar assistência médica especializada o mais breve possível para evitar o agravamento e internações hospitalares em decorrência da doença.
João Luiz da Fonseca Martins é psiquiatra da UNIICA – Unidade Intermediária de Crise e Apoio à Vida.