Sejamos honestos: não temos respostas para algumas perguntas que estão bastante próximas de nós no dia a dia, mas que freqüentemente fazemos de conta que não as percebemos, ou fugimos mais ou menos conscientemente delas.
Querem exemplos? Pois lá vão alguns: o que é a Psiquiatria? O que faz o Psiquiatra? Ele e os psicólogos tratam da loucura? E, aqui entre nós, que raios é esta tal de loucura?
Tenho um amigo que às vezes se comporta de forma estranha, mas não o vejo como louco. Conheci bem um cara que acabou se matando, e no entanto era tão “normal” quanto eu. Ou será que esta tal de loucura não existe? Pois uma pessoa da minha família, depois da morte do que se matou, acabou procurando um desses tais médicos de loucos e, apesar de ter sido muito parecido com o outro, que hoje está muito bem e costuma dizer que “nasceu de novo”!?!?
Como disse antes, estas situações só não estão próximas de nós se não estamos nem aí para nada, ou morremos de medo de ver… Quanto à psiquiatria, é curioso – ela, inclusive para médicos de outras especialidades, no geral não existe, não é científica, não funciona. Mas, se alguém de nossa família fica “nervoso”, e aí já não se trata de loucura pois afinal a genética pode nos apontar como “loucos em potencial”, o psiquiatra, por um passe de mágica, tem que ser o profissional perfeito, conhecedor da vida e da morte, sem possibilidade de erros ou dúvidas…
Enfim, convenhamos que vivemos uma realidade comprometida e muito freqüentemente ilusória. A nossa mente só está presente nas coisas boas: a inteligência, o amor, as férias, etc. Preferimos não nos ocupar com problemas isto. Já é muito papo, muito cabeça – como dizia o Jô Soares no passado – “coisa de louco”
*Dr. Élio Luiz Mauer
Psiquiatra e Gerente Médico da Unidade Intermediária de Crise e Apoio à Vida (UNIICA)