O tema preconceito vem surgindo com frequência nos meios de comunicação. Preconceito por doenças psiquiátricas, doença de pele, cor de pele, condição financeira, profissão, religião, sexualidade.Preconceitos comuns e aceitos até pouco tempo vem sendo amplamente debatidos e inibidos por meio das leis vigentes por serem considerados crimes.
Como surgem nossos preconceitos? Seria um defeito? É errado? Todos nós tomamos decisões baseadas em préconceitos. Até um determinado ponto isso nos protege, já que usamos experiências passadas e informações que recebemos para julgar e tomar decisões.É por isso que preferimos um alimento vermelho a um de cor azul. Por pré-conceitos nos afastamos quando vemos uma cobra (mesmo que nos informem não ser venenosa). Usamos muitas vezes nossos pré-conceitos de forma automática, sem parar para refletir.
O mesmo mecanismo que serve para nos proteger pode prejudicar a nós e aos outros. A maioria de nós já sofreu algum tipo de preconceito e sabe o quanto magoa ser julgado de forma indevida. Nós, seres humanos, em diferentes proporções, temos a necessidade de agradar, de termos nossas qualidades reconhecidas. O prazer da recompensa do reconhecimento, em geral, reforça a repetição de determinado comportamento ou ação. Sendo assim, quando um indivíduo, mesmo se esforçando e conseguindo algo, não é reconhecido devido a característica que gere preconceito, este corre o risco de se fazer reconhecido por algo oposto. Lembrando aquela frase: “Falem mal, mas falem de mim”. Além disso, podemos perder oportunidades de fazer excelentes amigos ou contratar melhores profissionais, por exemplo, quando fazemos julgamentos inadequados. Nossos preconceitos, quando disfuncionais, causam prejuízos significativos para toda a sociedade. O bem estar de todos depende disso. Segundo a Teoria do Caos, “Algo tão pequeno como o bater de asas de uma borboleta pode causar um tufão do outro lado do mundo”, serve para ilustrar.
Então, a solução seria nos despir de todo e qualquer preconceito? A resposta é não. Para aumentar as chances de sermos felizes temos que, constantemente, rever nossos preconceitos. Sempre.Podemos assim transformar preconceitos inadequados (e sem fundamento) em conceitos os quais podem, realmente, nos proteger. Respeite a si mesmo revendo seus próprios preconceitos. Mais do que certo ou errado é uma postura de vida saudável individualmente e coletivamente.
Carla Gaiger é Psiquiatra da UNIICA