Precisamos falar sobre suicídio

Neste mês buscamos, por meio da campanha Setembro Amarelo, conscientizar e informar a população sobre a importância de falar sobre suicídio como método de prevenção e diminuição do número alarmante de vítimas. O suicídio é caracterizado pela morte provocada com evidências explícitas, ou não, de que o indivíduo tinha intenção de interromper a própria vida. Segundo dados recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio é mais recorrente que a morte por doenças bastante conhecidas, como o HIV, por exemplo.

A estimativa é que, a cada 40 segundos, uma pessoa morra por meio do suicídio no mundo; o Brasil é o oitavo país com maior índice de ocorrências do tipo. Anualmente, os casos de suicídio têm apresentado números bastante preocupantes. A prevalência do suicídio no Brasil é de 2,7%. Homens suicidam-se até 4 vezes mais que as mulheres. Elas têm ideação e tentativa de suicídio em números muito maiores que os homens, porém, a eficácia do ato acaba sendo muito menor.

O fato de muitos ainda encararem o tema como um tabu, pode ser um importante fator para a desinformação do público. A mídia, que poderia ter um importante papel na abordagem do tema, apresentando à população sobre como agir diante de alguém com ideação suicida, parece demonstrar receio na divulgação de dados referentes a essas ocorrências.

Quais sinais comuns da pessoa com ideação suicida?

Os principais sintomas de alerta para risco de suicídio são agressividade a si mesmo ou a terceiros, impulsividade, desesperança, ansiedade e agitação psicomotora. Histórico de tentativas de suicídio previamente presente tanto do paciente quanto de familiares próximos devem sempre ser levadas em conta pois aumentam o risco de nova ocorrência em 38 vezes. Histórico de abuso físico e/ou sexual na infância aumenta em 10 vezes o risco de suicídio frente a população em geral.

Dentre os principais transtornos psiquiátricos associados ao risco de suicídio estão o Transtorno Depressivo Maior, Transtorno Afetivo Bipolar – em especial na fase depressiva ou mista, esquizofrenia, Transtorno de Ansiedade – quando da presença de comorbidade com transtorno de humor, transtorno por uso de substâncias – quando associados a estressores sociais e Transtornos de personalidade, em especial do tipo Borderline, emocionalmente instável e o antissocial.

Situações ruins do cotidiano costumam se relacionar ao aumento do risco de suicídio. Dentre elas estão as separações conjugais, perdas afetivas, desemprego, dificuldade econômica e relação familiar conturbada. Doenças orgânicas, como HIV, epilepsia, lesões cerebrais e medulares, além do câncer, também são correlacionadas ao comportamento suicida.

Quais as possibilidades de tratamento?

Existem diversas modalidades de tratamento. Fatores como a frequência dos pensamentos suicidas, planejamento, risco de concretização do ato são fundamentais para determinação do melhor encaminhamento. O paciente poderá ser vigiado 24 horas por dia e tratado em casa, realizar acompanhamento e tratamento em Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) ou em um hospital, por meio do internamento integral hospitalar. Caberá aos profissionais envolvidos o direcionamento da melhor modalidade de tratamento, avaliando as características do caso.

Também há a possibilidade de tratamento com auxílio de medicamentos, como o lítio, que podem restabelecer o equilíbrio emocional e, consequentemente, afastar quaisquer pensamentos e comportamentos suicidas.

O que eu posso fazer para ajudar?

A conscientização de todos, sem dúvidas, facilita tanto a compreensão, quanto o auxílio e orientação referente ao suporte e tratamento. Segundo estatísticas, 90% das ocorrências que levam o indivíduo a cometer suicídio podem ser previamente identificadas e tratadas. Cabe a cada um de nós um olhar ao próximo com mais humanidade, sensibilidade e atenção. Esses comportamentos podem contar com apoio de profissionais que contribuem para que, quando avaliadas e tratadas adequadamente, esses comportamentos não terminem em tragédia.

Se você está enfrentando pensamentos suicidas, busque ajuda agora mesmo.

Você não está sozinho!

Precisamos falar sobre suicídio
Rolar para o topo
Pular para o conteúdo